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Bullying
Por Isilda Monteiro (Professora), em 2013/12/04842 leram | 0 comentários | 191 gostam
Sei que não sou o único, vamos ser guerreiros!
Sei que o Bullying já é um assunto muito falado, mas a verdade é que existe. O Bullying é horrível e eu posso falar por experiência própria.
     No meu terceiro ano de escolaridade, eu brincava com brinquedos que eram considerados impróprios para rapazes, odiava jogar futebol, então passava a maior parte dos intervalos sozinho, não tinha ninguém com quem brincar. Alguns rapazes insultavam-me e até mesmo nas aulas me mandavam papeizinhos a chamar-me gordo, gay, menina... - o que me destruía a autoestima.
     Eu não conseguia falar com ninguém sobre o que se passava, pois tinha medo do que eles me poderiam fazer.
     Quando chegava a casa, metia-me no quarto e chorava, como não tinha como descarregar aquela raiva toda, cortava-me com a tesoura e batia em mim mesmo! Depois de tanto choro, ia para a frente do espelho e julgava o meu corpo e a minha maneira de ser. Nunca gostei do meu corpo, nem mesmo agora. Pensei tantas vezes em suicídio, mas depois pensava também na família e nas pessoas que me amavam tanto e como elas iam sofrer, se eu acabasse com a minha vida. A minha mãe nunca desconfiou de nada.
Nunca queria que chegasse a noite e muito menos a manhã do dia seguinte, pois significava mais um dia de um sofrimento “calado”.
     Eu sempre fui o centro das atenções, até entrar um rapaz novo na turma.A partir desse dia, apesar de andar sempre sozinho, deixaram de me gozar e ele passou a ser o novo alvo. Eu sabia o que ele estava a sofrer, mas mesmo assim não conseguia dizer nada para o defender.
     Um dia, eles estavam a atirar-lhe pedrinhas e eu enfrentei-os: meti-me a frente desse rapaz, mas fiquei cheio de marcas, marcas profundas. Nessa noite, quando estava a tirar a roupa para tomar banho, a minha mãe entrou e viu as marcas das pedras e dos cortes, perguntou-me o que era aquilo, eu tentei mentir-lhe e arranjei mil desculpas. Ela não acreditou, por isso acabei por lhe contar. Nesse momento eram duas pessoas a chorar.
     No dia seguinte, a minha mãe foi à escola para resolver este assunto, não adiantou praticamente nada, porque eles continuaram, mesmo depois de serem castigados.Passaram alguns meses, e o Bullying continuou, embora com menos frequência, esses rapazes magoavam-nos e destruíam-nos!
     Chegou o dia em que me cansei de tanta dor e perguntei-lhes porque é que eles nos faziam aquilo, porque é que nos magoavam tanto, se tinham algum prazer com tanta crueldade! Disse-lhes todas as verdades e, quando acabei, senti-me diferente, senti-me uma pessoa nova! Da boca deles não saiu nenhuma palavra, eles permaneceram calados. Viraram costas e saíram.
     A partir desse momento, nunca mais me fizeram nada, nem a mim, nem ao rapaz novo. Foram dois anos de sofrimento que, finalmente, acabaram.
     Agora, sou uma pessoa forte, com marcas de um guerreiro.

                                                  Guerreiro, aluno do 3.º ciclo


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