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Um Pai Natal Solidário - 8.º ano
Por Ana Ribeiro (Aluna, 8ºA Nº1), em 2016/01/071547 leram | 0 comentários | 908 gostam
CONCURSO DE ESCRITA - 2015/16 - Uma vez mais os nossos alunos abriram as portas da imaginação e revelaram grande criatividade.

Um Pai Natal solidário

Finalmente, o Natal voltou. Para Sara não havia época mais bonita que aquela. Ao contrário de todos os meninos de dez anos como ela, ela preferia o tempo frio e a neve à praia e ao calor. Mas este Natal estava destinado a ser um pouco diferente do habitual.
Era sábado à tarde, e como todos os anos, a Sara e os pais foram ao desfile do Pai Natal que decorre todos os anos em Londres. Ao sair do local do evento, pelo meio da multidão que se tinha juntado ali para o mesmo fim, Sara conseguiu avistar uma senhora já de idade, sentada no chão junto de uma loja de roupa. A menina, de cabelos cor de mel e olhos claros como o céu num dia bonito de primavera, não conseguiu evitar e soltou a mão da mãe que, até àquele momento, a agarrava, confundindo-se por entre o mar de gente de encontro à desconhecida. Assim que sentiu algo aproximar-se, a mulher ergueu o seu olhar vazio e avistou a menina que lhe esboçou um sorriso doce.
  - Precisa de ajuda, minha senhora? Está muito frio, devia ir para casa. – ouviu-se Sara a dizer, mas a pobre senhora, que tinha apenas as ruas como casa, abanou a sua cabeça negativamente.
  - Não é assim tão fácil manter uma casa hoje em dia, pequenina. Mas tu devias voltar para junto dos teus pais, porque eles devem estar preocupados. – respondeu-lhe a mulher de idade com uma voz fraca.
  E Sara percebeu de imediato que ela não estava lá por opção, mas sim porque tinha perdido tudo.
  A pequena rapariga abriu a boca para falar, mas antes que tivesse a oportunidade de o fazer, ouviu a mãe chamá-la. Olhou para trás e viu a mãe que, ao chegar junto das duas, agarrou a filha pela mão e puxou-a dali, sem sequer se importar com a presença da mendiga.
  Foi longo e silencioso o caminho até casa. Tudo o que Sara tinha ouvido dos pais foi que ficaria de castigo por se ter afastado deles sem permissão, mas isso pouco lhe importava. Tudo o que ela conseguia pensar era no pequeno diálogo que tivera com aquela senhora, e queria arranjar uma solução para a ajudar. Foram várias as semanas que passaram em branco, enquanto pensava, já que sabia que se tentasse pedir ajuda aos pais, eles chamá-la-iam de louca.
  Finalmente, tinha chegado o dia 24 de dezembro, dia que era tão esperado por todos. Umas semanas depois do dia do desfile, Sara encontrou uma nota de dez euros deixada caída no chão pela mãe e, apesar de não achar correto, a menina deu-o à senhora. Desde então tem sempre ido buscar dinheiro à carteira da mãe para esse fim, mas hoje isso correu mal.
  Sara desceu as escadas de casa e aproveitou o facto de os pais terem saído para tirar um pouco de dinheiro. No preciso momento em que estendia a sua mão na direção da carteira da mãe, ela entrou na cozinha.
  - Eu não acredito, Sara! – exclamou. – És tu que me andas a roubar dinheiro?
 - Não, mãe! – disse a rapariga de uma forma rápida.
  Viu-se obrigada a explicar tudo o que tinha acontecido e, por incrível que lhe parecesse, um sorriso formou-se no rosto da mãe.
  Afinal era Maria o nome da senhora. Sara ficou a saber isso depois de os pais lhe oferecerem um lar onde ela podia recomeçar a sua vida. Daí em diante, a menina nunca mais roubou, nem mesmo para uma boa causa. Começou a sentir-se à vontade para falar com os pais e não havia um único fim de semana em que não visitasse Maria.
  Um Natal que poderia ser como qualquer outro, acabou por dar uma nova vida a alguém e a oportunidade de uma pequena menina fazer uma grande diferença. A isto eu gosto de chamar, o espírito de Natal.


                                                                                  Catarina Bizarro, n.º 2, 8.º A


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