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Testemunho: 25 de Abril
Por Bernardo Moscato (Aluno, 9ºB), em 2014/05/07777 leram | 0 comentários | 225 gostam
Como a minha avó, com 16 anos e grávida, viveu o 25 de Abril
Estava grávida de 6 meses e tinha 16 anos.
Estavam na sala a ver televisão, quando começou a dar a notícia da revolução. Chamaram-me e eu que estava no andar de cima, desci algumas escadas apressadamente e o resto aos tombos.
A ditadura tinha acabado!
Andava no antigo 6.º ano (atual 10º. ano), mas em março saí do liceu, porque estava grávida. Só passei de ano porque as minhas notas eram altas e as faltas não tiveram efeito.
Nessa época não tínhamos liberdade para sair ou ir ao café, se o fizéssemos era às escondidas dos pais. Não podia andar de minissaia nem com a cara maquilhada, porque o meu pai mandava-me logo descer a roupa e lavar a cara.
Apesar das dificuldades que os meus pais passaram para pôr sete filhos a estudar fora da terra-natal, acima de tudo tenho boas recordações da minha infância Tive que ir estudar para fora da minha terra, porque lá não havia liceu. Fazíamos reuniões “clandestinas” para falarmos sobre política, com rapazes e raparigas mais velhos. Eu era uma miúda, mas com uma mentalidade de mulher adulta.
Quando fiquei grávida foi muito complicado para os meus pais. Casei obrigatoriamente, embora já nessa altura não achasse necessário o casamento. Lembro-me dos meus sogros dizerem para falarmos baixinho porque as paredes tinham ouvidos (medo que fossem denunciados por estarem a falar mal do governo).

    Helena Peixoto


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