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Evolução da qualidade da educação em Portugal
Por Bernardo Moscato (Aluno, 9ºB), em 2014/06/02858 leram | 0 comentários | 260 gostam
Não havia internet e as pesquisas eram feitas nos livros!
Nome: Isilda Monteiro
Grau académico: Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas
Escola: Escola Dr. José Domingues dos Santos, Lavra

LPL- Em que ano começou a sua atividade como professora?

IM-Comecei em 1985, na Escola Secundária da Areosa, no Porto.

LPL- Quando acabou o curso, demorou muito tempo a exercer a sua profissão?

IM-Acabei o curso em julho e comecei a ensinar em outubro.

LPL-Quais as diferenças a nível de ensino de há 20 anos atrás e da atualidade? Porquê?

IM-Ui, são muitas! Irei destacar algumas.
Vivia-se num tempo em que havia muitos miúdos, por isso as escolas estavam a abarrotar. O ensino era obrigatório até ao 6.º ano, portanto, os alunos que não queriam estudar, saíam para entrar no mercado de trabalho. As matérias tinham um grau de complexidade maior e não havia tanta preocupação em explicar tudo tintim por tintim, pois apostava-se mais no trabalho autónomo dos alunos, isto é, eles tinham de estudar para perceber!
Os professores tinham menos horas de permanência na escola e mais tempo em casa para preparar aulas, elaborar materiais de apoio e corrigir os trabalhos dos alunos.
Não havia internet e as pesquisas eram feitas nos livros! Mas havia muitas visitas de estudo em que para além do convívio entre professores e alunos, estes iam, viam, mexiam e aumentavam os seus conhecimentos com “aulas de campo”.

LPL- Em relação aos métodos utilizados, para si, quais os mais eficazes ou benéficos para o futuro dos alunos?

IM-Não percebi bem a tua questão. Os meus métodos são simples. Procuro planear as aulas, criar um ambiente saudavelmente alegre em que eu e os alunos possamos trabalhar sem grandes momentos de enfado. Tenho sempre presente que a minha obrigação é ensinar-lhes a ler, escrever e pensar, por isso procuro espicaçar o raciocínio e a criatividade dos meus alunos.
Se conseguir que os meus alunos gostem de ler e mantenham a vontade de aprender sempre ao longo da sua vida, sinto que os meus métodos foram “eficazes ou benéficos para o futuro dos alunos”.
Respondi bem?

LPL- Que diferenças encontra entre quando um aluno era repreendido, tanto para o aluno como para os pais?

IM-Aqui “repreendido” tem uma dupla aceção (mais uma palavra que fica esquisita…: advertido e castigado. Em ambos os casos, penso que os alunos precisam de ser chamados à atenção e/ou castigados com muito mais frequência do que há alguns anos, uma vez que se tornaram mais irrequietos e insolentes, perante o cumprimento das regras que o professor impõe na sala de aula.
Este comportamento poderá ser explicado por uma educação mais permissiva dada por uma família que está pouco tempo com os filhos e, quando está, parece que evita a palavra “NÃO” com medo de criar traumas nas crianças. “Não podes ter o telemóvel XPTO.” “Não podes sair ou ficar a ver televisão até tarde.” “Não podes usar essa linguagem com os mais velhos.”.
Além disso, as horas de brincadeira foram substituídas por horas de cadeira no computador e o desgaste das energias fica-se pelo mexer dos dedos no teclado.

LPL- Acha que o ministério da educação está a ser digno perante tantos anos de dedicação por parte dos professores?

IM-Penso que há pouca dignidade na maneira como os vários governos têm encarado a importância da educação em Portugal.
Este, particularmente, quer fazer-nos crer que uma omelete feita com um ovo tem o mesmo valor nutritivo que uma com meia dúzia de ovos.

LPL- O que acha que deve mudar?

IM-Não tenho tempo para te responder cabalmente. Em duas linhas, posso dizer que a qualidade da educação de um país se reflete na saúde desse país. Se queremos um país próspero, temos de apostar na educação, mas não podemos criar bons professores, enfermeiros, médicos, economistas, arquitetos... e, depois, mandá-los trabalhar para outros países.
Também precisamos de investir no ensino profissional, para que aqueles alunos que não querem ou não são capazes de seguir um curso universitário possam aprender uma profissão.

LPL- Quais as suas perspectivas para o futuro?

IM-Mais do que uma perspetiva é um desejo – espero que a crise acabe e que os “bons ventos” tragam mais alegria e esperança aos portugueses.

LPL- Sente-se realizada/o na sua carreira como professor/a?

IM-Eu sempre quis ser professora, mas, ultimamente, sinto que o desânimo e a frustração entraram na escola.
No entanto, quando entro numa sala de aula, os males ficam à porta e eu procuro dar o meu melhor.

LPL- Em que ano se reformou e porquê?

IM-Se agora a idade da reforma muda conforme a “esperança de vida”, resta-me a esperança de trabalhar até morrer!


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