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Amar com Responsabilidade
Por Sónia Santos (Familiar de aluno), em 2013/11/21929 leram | 0 comentários | 202 gostam
Tenho 34 anos e dou por mim a ler “O Principezinho”. Considero-o como um dos meus livros de cabeceira pois consigo retirar sempre algumas considerações importantes para a minha vida! Façam como eu e mastiguem este livro pois é extremamente delicioso!
A raposa explica ao Principezinho:

“…o amor significa criar laços. Para mim não passas ainda de um rapazinho muito parecido com cem mil rapazinhos. Se nos cativarmos, para mim serás “único” no mundo. E eu serei para ti única no mundo… tornas-te para sempre responsável por aquele que cativaste.”

   E, como diz o Principezinho às rosas:

“…não são de modo nenhum parecidas com a minha rosa. A minha rosa é mais importante que vocês todas pois foi ela que eu reguei. Foi ela que eu coloquei sob uma redoma, foi ela que eu abriguei com o guarda- vento. Foi ela que eu ouvi queixar-se ou gabar-se, ou por vezes calar-se. É o tempo que dedico à minha rosa que a torna tão importante. Sou responsável pela minha rosa.”
   Este cuidado ativo com o outro implica “responsabilidade”. O conceito de “responsabilidade” costuma ser associado a um dever, a uma imposição. Mas a responsabilidade deve ser entendida como um ato inteiramente voluntário. Ser “responsável” deriva do latim (respons), que significa “responder”. Ser “responsável” significa estar atento e ser capaz de responder às necessidades dos outros. Amar responsavelmente implica dar atenção à nossa maneira de cuidar do outro. Ser o guardião do outro. Aquele que ama responde. A vida do outro é algo que também diz respeito a si mesmo. Sentir-se responsável pelo outro, como se sente responsável por si próprio. A responsabilidade pode facilmente degenerar e tornar-se domínio ou possessividade, se faltar “respeito” ao amor.
   Tal como o conceito de “responsabilidade”, o conceito de “respeito” não deve ser associado a um dever ou a uma imposição. A palavra “respeito” deriva do latim (respicere), que significa “olhar para”. Assim, o “respeito”, mais que um dever, é um movimento interior espontâneo que marca o amor, implica a capacidade de olhar e ver as necessidades e desejos do outro, sem procurar modelá-lo segundo as nossas expectativas e projectos. É construir projetos com o outro, não pelo outro. Implica a capacidade de ver a pessoa, de ter consciência da sua individualidade única. É querer ver a pessoa crescer segundo os seus próprios desejos e caminhos e não segundo os nossos projetos e desejos. O respeito implica a ausência de exploração. Quero que a pessoa que amo cresça e se desenvolva por si mesma e com a sua maneira de ser; e não de uma maneira que me venha a servir, que eu possa usar. O respeito só é possível se eu conseguir andar sem muletas, sem ter de dominar a outra pessoa, nem ser por ela dominada.
   O amor é filho da Liberdade, não da Dominação.
   Não é possível respeitar uma pessoa sem a conhecer: o cuidado e a responsabilidade são cegos, se não forem guiados pelo conhecimento. Ora, o nosso conhecimento sobre nós e sobre os outros é limitado, porque somos “seres vivos”, ou seja, seres em constante transformação. Assim, “conhecer o outro” implica a capacidade de viver a intimidade. A intimidade é um espaço relacional onde se permite uma comunicação direta, sem máscaras, autêntica e espontânea de energia, de carícias, de sentimentos e de pensamentos. A intimidade implica uma grande abertura e receptividade ao outro. Muita gente tem vergonha de se mostrar, de se pôr a nú. Muita gente não se apercebe do que sentem os outros. Conhecer implica partilhar. Os laços de amor criam-se pela partilha de emoções e de sentimentos. A revelação dos sentimentos cria a intimidade que é a mais fabulosa de todas as experiências. Não se trata apenas do amor entre homens e mulheres, mas sim entre amigos, entre pais e filhos,também entre irmãos.
   As aptidões para se ouvir, para aprender um com o outro, para resolver conflitos fazem a qualidade da relação. Quando exprimimos as coisas, podemos sempre encontrar terreno de entendimento. Só aquilo que não se diz pode criar fossos intransponíveis. Resolver conflitos, tanto os menores à volta da mostarda ou da pasta de dentes, como os maiores em torno da educação dos filhos, da sexualidade ou do local de residência fazem parte da relação. Os conflitos bem resolvidos não perturbam o laço, alimentam-no!
   Os sentimentos que não são partilhados podem interferir na livre circulação do amor. Quando a pessoa só mostra o (que imagina) que agrada ao outro, quando os conflitos são sistematicamente evitados, cria-se uma distância que não é propicia à intimidade e acumulam-se ressentimentos.
   É bom viver do amor!


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